Honda e Toyota “andam na contramão” e ampliam investimentos em carros elétricos

Honda e Toyota “andam na contramão” e ampliam investimentos em carros elétricos
Honda e Toyota “andam na contramão” e ampliam investimentos em carros elétricos

Em um momento em que boa parte da indústria automotiva está recalculando seu roteiro de investimentos em carros elétricos, duas montadoras japonesas estão seguindo na direção oposta e desafiando a queda na demanda pela categoria.

Na quinta-feira, 25 de abril, Honda e Toyota anunciaram investimentos na instalação ou ampliação de fábricas dedicadas aos elétricos. As unidades estão localizadas na América do Norte, mercado em que o pé no freio em recursos nesse segmento tem sido mais acelerado, especialmente nos Estados Unidos.

A Honda é quem divulgou o maior projeto. A empresa vai aportar cerca de US$ 11 bilhões no Canadá, seu maior investimento no país, com o plano de erguer um hub de veículos elétricos e a ambição de consolidar uma cadeia de valor local e “abrangente” desse segmento.

“Vamos fortalecer o nosso sistema e capacidade de fornecimento de veículos elétricos visando um futuro aumento na demanda na América do Norte”, destacou, em nota, Toshihiro Mibe, CEO global da Honda.

O projeto vai incluir uma fábrica de carros elétricos e outra de baterias da montadora. Além de outras duas unidades de processamento de materiais por meio de joint ventures com a sul-coreana Posco Future M e a também japonesa Asahi Kasei Corporation.

A expectativa é de que a produção no Canadá tenha início em 2028. A unidade “solo” da Honda terá capacidade de produzir 240 mil veículos por ano. Já a de baterias terá uma capacidade de 36 gigawatts hora. A meta da empresa é de que, até 2040, os elétricos respondam por 100% das suas vendas.

Nesse percurso, a América do Norte é uma das grandes apostas. A Honda já tem um hub de elétricos instalado em Ohio, nos EUA. Esse projeto teve um aporte recente de US$ 700 milhões, para uma ampliação, e prevê uma fábrica de baterias com a LG Energy, com um investimento de US$ 4,4 bilhões.

Líder global em vendas na indústria automotiva, a Toyota, por sua vez, também está expandindo suas operações na categoria nos Estados Unidos. Nessa quinta-feira, a companhia anunciou um investimento de US$ 1,4 bilhão em sua fábrica no estado de Indiana.

Com esse montante, a montadora dá sequência a um outro investimento anunciado em fevereiro deste ano. Nesse caso, da ordem de US$ 1,3 bilhão e em sua unidade localizada no estado do Kentucky, com foco em carros elétricos, entre eles, uma nova SUV da marca voltada ao mercado americano.

O novo aporte também envolve um novo SUV e uma linha de baterias. Com essas e outras iniciativas, a Toyota eleva o investimento total em Indiana a US$ 8 bilhões. Desde 2021, a empresa já aportou US$ 18,6 bilhões em suas fábricas para apoiar suas estratégias de eletrificação nos EUA.

O fato de Toyota e Honda seguirem injetando recursos em suas operações de carros elétricos na América do Norte contrasta não apenas com a desaceleração da maioria das montadoras – com exceção das chinesas – em elétricos. Mas, principalmente, com o trajeto recente dos players americanos.

Esse é o caso da General Motors (GM), que, em outubro de 2023, anunciou a suspensão de suas metas de produção de curto prazo na categoria. Antes dessa decisão, que teve como racional a queda na demanda, a empresa planejava fabricar 400 mil veículos elétricos.

Outro exemplo é a Ford. Em novembro do ano passado, a montadora divulgou que estava revendo seu plano de investir cerca de US$ 3,5 bilhões em uma fábrica de baterias em Michigan. A justificativa dada também passou pelas expectativas menos otimistas para a categoria.