Paulo Roberto de Almeida na Crusoé: “A guerra perpétua” de Putin
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Kant era um idealista: seguindo o exemplo do abade Saint Pierre (Projet de paix perpétuelle, de 1713), que propunha uma liga de estados e uma corte internacional, estabeleceu, em 1795, que a paz perpétua dependeria da existência de regimes constitucionais, da liberdade de pensamento e do respeito à autonomia das federações. As monarquias absolutistas do final do século 18, assim como a tentativa de “paz imperial” de Napoleão, no início do século 19, comprovaram, ao contrário, que a “paz perpétua” não estava próxima de ser concebida, menos ainda realizada.
Depois que o imperador francês foi derrotado em Waterloo — foi a primeira e última vez que tropas russas andaram por Paris —, o Congresso de Viena de 1815 tentou construir uma “ordem mundial”, ainda que oligárquica, já que a anterior, a Paz de Vestfália (1648), fracassou em suas promessas. A “ordem mundial” de Viena manteve a Europa mais ou menos em paz durante um século, mesmo com uma primeira guerra da Crimeia no meio.
Uma nova tentativa de “ordem mundial”, a da Liga das Nações, concertada nas negociações de paz de Paris, no seguimento da Grande Guerra (1914-1918), de cunho também oligárquico, tampouco foi capaz de controlar a “vontade” de potências expansionistas, empenhadas em aumentar sua “representação” na cartografia existente: o projeto mussolinista de novo império romano, a brutal imposição do Lebensraum hitlerista e da “solução final” ao “problema” judeu, e o esforço dos fascistas japoneses de superar o colonialismo europeu na Ásia Pacífico pelo seu próprio império, sobretudo na China.
A despeito de um tratado para evitar novas guerras pela via da arbitragem e mediação – o Pacto Briand-Kellog de 1928 –, não foi possível…
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