O país que superou os EUA em IPOs no 1º tri — e o que isso diz sobre o Brasil
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As bolsas dos Estados Unidos realizaram 48 ofertas públicas iniciais (IPOs) no primeiro trimestre, movimentando um montante de US$ 8,4 bilhões, de acordo com pesquisa da Ernst Young (EY). Considerando todas as Américas, foram 52% IPOs, 21% acima do mesmo período do ano passado. Apesar da retomada dos IPOs, especialmente em Nova York, um outro mercado tem chamado atenção em número de aberturas de capitais: o indiano.
Somente no primeiro trimestre, a Índia foi palco de 79 IPOs, 88% maior na comparação anual. A quantidade representou 28% de todos os IPOs realizados no período, enquanto os EUA, 17%.
A Índia tem um dos maiores mercados do mundo em número de empresas abertas, com mais de 5.000 companhias listadas. O boom de emissões ocorre diante dos principais índices de ações do país próximos de níveis recorde. O Nifty 50, principal referência do mercado de ações da Índia, acumula 23% de alta em um ano e cerca de 90% nos últimos cinco anos.
Apesar do número relevante de IPOs, as 79 empresas que emitiram ações na Índia levantaram US$ 2,4 bilhões, menos de um quinto do valor movimentado nos 48 IPOs americanos no trimestre.
Rafael dos Santos, sócio e especialista em IPO na EY, explica que a grande quantidade de IPOs na Índia reflete as políticas econômicas adotadas pelo país há pelo menos uma década. “O mercado de capitais foi uma forma que a Índia encontrou para o financiamento de médias empresas. É diferente do que ocorre no Brasil, onde muitas dessas empresas de médio porte captam dinheiro com os bancos e com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)”, afirma.
Os 79 IPOs do primeiro trimestre na Índia levantaram um montante total de US$ 2,4 bilhões, menos de um quinto do levantado pelas 48 empresas que abriram capital nos EUA.
Expectativa para IPOs no Brasil
No Brasil, onde a seca de IPOs já dura dois anos, Santos vê espaço para novas emissões, mas não antes do fim do ano.
“Apresar de não ter tido transações já há algum tempo, a sinalização é positiva no exterior. O cenário de inflação e juro está melhorando. Como o mercado brasileiro ainda depende muito do que acontece lá fora, o sentimento está mais favorável.”
Na EY, Santos atua na preparação de empresas para o IPO e tem visto maior interesse vindo dos setores de infraestrutura, varejo e tecnologia. Mas, segundo ele, o apetite deverá ser apenas “moderado”, com foco em empresas maiores e com histórico comprovado. “Quando o mercado brasileiro não está mais líquido e expansivo, é mais difícil passar ofertas menores. Na janela de 2019-2020, tinham ofertas de R$ 150 milhões. Hoje, será difícil ter oferta de menos de R$ 500 milhões.”
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