“Não podia ficar parada” mesmo após sanção de lei, diz Maria da Penha
Maria da Penha, ativista pelo direito das mulheres, declarou em entrevista ao Poder360 que sentiu “muita alegria” quando a lei que leva seu nome foi sancionada, em 2006, mas percebeu que “não podia ficar parada”. Ela é a fundadora do Instituto Maria da Penha, que estimula e contribui para a aplicação integral da Lei Maria da Penha, que é a principal norma brasileira de combate à violência doméstica contra mulheres.
“Eu tinha que continuar porque nem sempre todas as pessoas que têm o poder se interessam em fazer com que a lei funcione de verdade”, afirmou.
Assista (2min55s):
“Eu acho que o meu objetivo de vida é esclarecer, contar, recontar e esperar que a lei funcione devidamente por todo o Brasil”, disse Maria da Penha.
Questionada sobre como se sente por estar na linha de frente do combate à violência contra mulher, Maria da Penha disse se sentir “cada dia mais responsável, envolvida e militante da causa”.
Segundo ela, antes de a lei ser sancionada, não havia o conhecimento que há hoje na sociedade. “A única ideia que se tinha da violência era de que quando um vizinho batia na mulher dizia ‘aquele vizinho é uma pessoa tão boa, mas quando ele bebe, ele bate na mulher. Se ele não bebesse, ele seria um bom homem’. Sempre havia uma justificativa para o agressor”.
Assista à entrevista completa (33min32s):
Caso uma mulher esteja passando por violência
Caso uma mulher esteja passando por violência doméstica, Maria da Penha disse que 3 atitudes precisam ser tomadas pela vítima:
- ligar para o 180. “É um telefone gratuito e que ela pode se informar sobre os seus direitos”;
- procurar por uma pessoa que tenha envolvimento com movimentos sociais para que possa acompanhá-la e discutir com ela;
- se ela morar em um município pequeno, esse município tem a “obrigação de criar um centro de referência da mulher dentro de uma unidade de saúde porque na unidade de saúde que a mulher vai sem nenhuma suspeita cuidar dos seus ferimentos”. Segundo Maria da Penha, esse é um espaço discreto onde a mulher pode ser atendida e se inteirar sobre os seus direitos. “E se essa vítima está correndo risco de vida é obrigação do centro de referência da mulher encaminhar essa vítima para uma macrorregião do Estado onde exista outras políticas públicas, como a delegacia da mulher, a casa abrigo, o juizado da mulher e as outras políticas que consigam ajudar essa mulher a recomeçar sua vida longe da violência”.