Lula chama PL Antiaborto de ‘carnificina’ e diz que mulheres precisam ir para as ruas
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar o PL Antiaborto — que criminaliza o procedimento acima de 22 semanas de gestação mesmo nos casos em que é permitido por lei — e chamou a proposta de “carnificina contra as mulheres” nesta quarta-feira, 26. Lula também defendeu a reação da sociedade contra o projeto e disse que as mulheres precisam ocupar as ruas.
Mesmo com o recuo do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que disse na última semana não ter “pressa ou açodamento” para analisar o projeto, manifestantes se mobilizaram e voltaram às ruas no final de semana contra o PL. a Câmara havia aprovado um requerimento de urgência para a análise do texto em 12 de junho, após um acordo entre Lira e a bancada evangélica na Casa.
“O projeto apresentado era uma carnificina contra as mulheres, estava criminalizando a vítima, querendo que a vítima pegasse tempo de cadeia maior que o estuprador. Ainda bem que a sociedade se manifestou. Mulher tem que ir para a rua, mulher não é mais objeto de mesa e cama em lugar nenhum do mundo (…) essa discussão imbecil feita por um deputado permitiu que a sociedade se manifestasse”, declarou Lula em entrevista ao UOL.
O presidente completou dizendo que acha “que os deputados que fizeram a bobagem sabem o erro que cometeram”. O PL é de autoria do deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ).
A proposta fixa em 22 semanas de gestação o prazo máximo para abortos legais. Atualmente, não há no Código Penal um prazo máximo para o aborto legal. No Brasil, o aborto é permitido por lei em casos de estupro; de risco de vida à mulher e de anencefalia fetal (quando não há formação do cérebro do feto). No entanto, a realização do aborto após as 22 semanas de gestação implica a utilização de uma técnica chamada assistolia fetal, que gera grande polêmica no país.
Ausência de mulheres e negros no governo
Lula disse que reconhece faltar mulheres e pessoas negras em sua gestão, e argumentou que é “mais difícil” encontrar pessoas desses grupos com perfil para o governo. Segundo o presidente, a dificuldade acontece porque negros e mulheres “não tiveram uma participação política histórica mais contundente”.
“Está faltando mulher. Isso é um problema crônico, discuto todo dia isso com a Janja. (…) Como a mulher não teve a participação ativa durante muito tempo, fica mais difícil você encontrar mulher para determinados cargos, fica mais difícil você encontrar negros para determinados cargos. Não é que não tenha, a oferta é menor na medida em que, embora seja a maioria da população, (esses grupos) não tiveram uma participação política histórica mais contundente.