Ibovespa opera volátil após crítica de Lula a Campos Neto e de olho no cenário externo
O Ibovespa opera volátil na manhã desta terça-feira, 18, na casa dos 119 mil pontos, após falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em entrevista à rádio CBN, Lula voltou a criticar o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, dizendo que ele “tem lado político” e “trabalha para prejudicar o país”.
“Só temos uma coisa desajustada, que é o comportamento do BC […] O presidente do BC não demonstra capacidade de autonomia e tem lado político […] trabalha para prejudicar o país […] Queremos que o BC se comporte na perspectiva de ajudar o Brasil, não para atrapalhar […] Vou escolher o presidente do BC que tenha compromisso com o desenvolvimento do país, controle a inflação […] A pessoa que eu escolher ao BC também deve ter na cabeça meta de crescimento”, disse em entrevista à CBN.
Lula também questionou a relação do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, com Campos Neto, dizendo que o governador tem mais influência no presidente do BC do que ele próprio. “O que é importante saber é a quem Campos Neto é submetido”, afirmou.
Sobre a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) amanhã, em que o mercado aguarda a manutenção da taxa de juros em 10,50%, Lula afirmou que “acha triste” e que “temos uma situação no Brasil que não necessita de taxa de juros [nesse patamar]”. Também questionou sobre a dificuldade de convencer o empresário a fazer investimento com um nível de juros tão alto.
Em relação aos gastos do governo, Lula disse que sua opinião diverge sobre o que é gasto e o que é investimento, citando o exemplo de pessoas que falam que “políticas sociais são gastos” e enfatizou que não fará ajustes em cima da classe mais baixa. Entretanto, disse que sua equipe está investigando se há carga exagerada em alguns programas sociais e está disposto a discutir o orçamento com a Câmara, Senado e empresários.
Ibovespa hoje
- IBOV: +0,47% aos 119.683 pontos
Apesar dos impasses políticos, o otimismo com o exterior impede uma desvalorização mais acentuada. De olho nos Estados Unidos, investidores se animam com a divulgação de dados da economia americana que vieram levemente abaixo do esperado. Os números agregam à tese de que o Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) pode realizar dois cortes de juros ainda neste ano.
O Departamento do Comércio divulgou que as vendas no varejo dos EUA cresceram 0,1% em maio, enquanto o consenso LSEG previa alta de 0,2%. Já a produção industrial dos Estados Unidos avançou 0,9% em maio, informou o Federal Reserve. O consenso FactSet previa uma alta de 0,3%.
“Os dados mostram que maio foi um mês de atividade econômica menos intensa e se unem ao CPI e ao PPI que mostraram que as pressões inflacionárias foram mais baixas durante maio. Esses dados aumentam as expectativas de corte de juros pelo Federal Reserve em um intervalo não tão longo, além de aumentar a possibilidade de dois cortes de juros em 2024”, explica Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.
Porém, o especialista relembra o discurso de cautela do Fed, que pede aos investidores que não se precipitem com dados de apenas um mês, dizendo para aguardar um conjunto de dados maiores que mostre uma tendência consolidada de que a inflação está convergindo em direção à meta de 2% da autoridade.
O bom desempenho da Petrobras (PETR4) também ajuda a segurar o Ibovespa na manha de hoje. As ações da companhia sobem 2% após o Conselho de Administração da estatal assinar um acordo para encerrar uma disputa tributária que envolvia a empresa e a União. Segundo comunicado, o acordo terá impacto de R$ 11 bilhões no lucro do segundo trimestre da companhia.
Dólar hoje
Nesta terça-feira, 18, o dólar opera em leve queda de 0,31%, cotado a R$ 5,405. Na véspera, a moeda fechou a sessão em alta de 0,73% aos R$ 5,421.
O motivo da estabilidade da moeda é a decisão do Copom amanhã, com investidores se mantendo em uma espécie de stand by para entender os próximos passos da política monetária. “Então é possível que o dia de hoje seja parecido com o de ontem, de intervalo de oscilações mais curtas e um volume de negócios mais baixo do que habitual”, explicou Mattos.
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