Ibovespa cai e deve fechar trimestre no vermelho depois de máxima histórica; dólar vai a R$ 5
A bolsa de valores hoje opera em queda e caminha para fechar o primeiro trimestre de 2024 com perdas sensíveis depois dos 134 mil pontos no último dia de dezembro, patamar nominal recorde.
As incertezas quanto ao início e dimensão do ciclo de cortes de juros nos Estados Unidos empurraram os ativos de risco de mercados emergentes para baixo.
Assim, às 10h20 desta quinta-feira (28), o Ibovespa operava em queda de 0,28%, a 127.333,81 pontos, caminhando para reverter os ganhos do pregão anterior. Assim, o índice acumula queda de quase 4% no ano.
Dólar hoje
Simultaneamente, o dólar subia 0,23%, a R$ 5,0034, com alta anual de mais de 3% até então.
Da mesma maneira, o DXY, que mede o desempenho global do dólar, avançava 0,07%, a 104,42 pontos.
Inflação e crescimento econômico no foco
Divulgado pelo Banco Central na manhã desta quinta, o RTI (Relatório Trimestral de Inflação) mostrou ajuste de alguns indicadores. Nesse sentido, os preços de serviços subjacentes, que já chamavam a atenção dos investidores, foram revisados para cima.
Ainda assim, o texto indica chance menor de estouro da meta inflacionária.
Por outro lado, o Banco Central também revisou o PIB, agora com expectativa de fechar 2024 com alta de 1,9%, mas caminhando para números ainda maiores, segundo Paulo Gala, economista-chefe do banco Master.
“Depois desses dados de janeiro e fevereiro, o crescimento vai para cima de 2%, com destaque para dados muito fortes de serviços e varejo e, ontem, o Caged também veio muito forte, com criação de vagas em fevereiro bem acima do esperado, um dos melhores desempenhos dos últimos dez anos”, destaca o economista.
Contudo, dados da PNAD Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), divulgados nesta quinta-feira (28) pelo IBGE, mostram que a taxa de desocupação no Brasil chegou a 7,8% no trimestre encerrado em fevereiro de 2024. Esse resultado representa uma alta de 0,3 ponto percentual em relação ao trimestre encerrado em novembro de 2023.
O quadro geral, segundo Gala, é de uma economia forte para o restante do ano, mas com ressalvas quanto ao comportamento da inflação, que pode mudar o destino dos juros no país.
“O forward guidance já mudou. A Selic baixará a 10,25% na reunião de maio e, depois disso, não dá para saber o que vai acontecer (com os juros)”, alerta.
Exterior movimenta a bolsa de valores hoje
Nos Estados Unidos, os vértices curtos dos juros futuros estão no centro das atenções ao registrarem forte alta após comentários de Christopher Waller, do Fed, sugerindo um possível adiamento ou redução do número de cortes nas taxas de juros.
Ele disse achar apropriado reduzir o número total de cortes de taxas ou adiá-los para o futuro em resposta aos dados recentes.
“Ainda assim, os mercados de ações estão prestes a fechar com ganhos impressionantes no trimestre. O índice MSCI de ações globais está prestes a registrar um aumento de mais de 7% neste trimestre, impulsionado pelos ralis nas bolsas e pela crescente adoção de tecnologia de inteligência artificial”, destaca a Guide em relatório.
Indicadores dos EUA também podem mexer com Ibovespa
A bolsa de valores hoje também deve ser impactada pelos dados de pedidos de seguro-desemprego nos Estados Unidos. A revisão do PIB, que cresceu 3,4%, acima da estimativa anterior, o PMI de Chicago e dados da Universidade de Michigan são outros destaques que podem afetar o Ibovespa.
Na sexta, com os mercados fechados, sai o principal dado da semana, o deflator do PCE. Além disso, haverá discurso do presidente do Fed, Jerome Powell.
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