Fundos de private equity entregam piores resultados desde 2008

Fundos de private equity entregam piores resultados desde 2008
Fundos de private equity entregam piores resultados desde 2008

Os fundos de private equity deram os menores retornos aos seus investidores no ano passado desde a crise financeira global de 2008, segundo dados do banco de investimento Raymond James Financial Inc. Esse cenário está dificultando a capacidade desse mercado de lançar novos fundos de investimento no mercado.

O percentual distribuído aos cotistas em relação ao valor patrimonial líquido dos fundos totalizou 11,2% em 2023, o valor mais baixo desde 2009 e bem abaixo da mediana de 25% dos últimos 25 anos, segundo o banco de investimento.

O grande problema por traz desse número seria o escasso mercado de IPO devido a condições de mercado mais complicadas, como volatilidade, incerteza e custo de financiamento mais elevado.

Dessa forma, os fundos de private equity não estão conseguindo saídas de seus investimentos e grandes investidores institucionais estão ainda com o seu dinheiro investido, não tendo espaço para financiar novas captações.

Um impacto dessa nova realidade é que o tempo do investimento médio hoje é de 5,6 anos, enquanto a norma deste mercado era de 4 anos, de acordo com o Raymond James.

Como consequência, o tempo para lançamento de novos fundos também aumentou: de 18 meses para 21 meses. Dessa forma, o número de novos fundos no ano passado caiu 29%.

“Este é o pior mercado de captação de fundos da história, pior do que durante a crise financeira global”, disse Sunaina Sinha Haldea, head global de private capital advisory da Raymond James em entrevista à Bloomberg, acrescentando que as distribuições só irão melhorar em 2025, uma vez que a “onda gigantesca” de negociações prevista para este ano ainda não aconteceu.

Mas, se o número de novos fundos caiu, o total levantado pelos fundos de private equity atingiu um recorde de 500 bilhões de dólares, no ano passado, um aumento de 51% em relação a 2022, impulsionado pelos maiores fundos do mercado. Isso mostra que o mercado ficou mais concentrado, com os grandes fundos atraindo todo o investimento disponível.

Um excesso de captação em 2021 também está pesando sobre a capacidade dos investidores de se comprometerem com novos fundos, especialmente porque o os retornos prometidos não estão chegando.

Durante anos, os grandes investidores tiveram nessa classe de ativos retornos maiores que no mercado público. Mas, agora, com as bolsas em alta e o mercado privado lidando com mudanças estruturais, isso já não é tão verdade.

Aparentemente, esse será um ano de captação magra para o mercado de private equity, que também sofrerá pressões por entregar retorno consistentes com o maior tempo de espera em um período que o custo de capital está mais elevado.

Os players que melhor saírem dessa crise no setor devem conquistar a confiança dos investidores para levantarem novos fundos mais rapidamente.