“É como a poção do Asterix”: a opinião deste banco europeu sobre a queda de juros do BCE
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O Banco Central Europeu (BCE) iniciou o ciclo de queda de juros nesta quarta-feira, 6, ao reduzir suas três principais taxas de referência em 0,25 ponto percentual. As taxas de juros aplicável às operações de refinanciamento, a permanente de cedência de liquidez e a permanente de depósito caíram para 4,25%, 4,50% e 3,75%, respectivamente. A decisão foi justificada pela queda da inflação corrente, que recuou 2,5 pontos percentuais desde a reunião de setembro e, especialmente, pela perspectiva de inflação futura. Detalhe: o BCE revisou suas projeções de inflação para cima em relação às previsões de março.
A expectativa do BCE é de que a inflação ao consumidor da Zona do Euro fique, em média, em 2,5% em 2024, 2,2% em 2025 e em 1,9% em 2026. Há três meses, a projeção era de 2,3% para 2024, 2% em 2025 e em 1,9% em 2026. Por que, então, o BCE teria decidido agora reduzir a taxa de juros? Para o banco holandês ING, o que mudou foi a autoconfiança dos economistas do BCE nas suas próprias projeções. “O BCE recuperou a confiança nas suas próprias capacidades de previsão e encontra conforto suficiente nas previsões benignas da inflação a partir do segundo semestre de 2025 para justificar o corte das taxas”, afirma em nota Carsten Brzeski, head de macroeconomia global do ING.
“É como Asterix e sua poção mágica”, afirmou o economista, em referência ao personagem da história de Asterix & Obelix, que ficava mais forte e autoconfiante após tomar a poção mágica. “A este respeito, é notável que as mais recentes projeções do BCE mostrem uma ligeira revisão em alta das previsões de inflação para 2025, para 2,2%.”
Apesar do corte de juros, o primeiro desde 2019, o BCE afirmou em comunicado que “não se compromete previamente com uma trajetória de taxas específica” e que fará o que for preciso para alcançar a meta de inflação de 2% no médio prazo.
“Não é errado, mas arriscado”
“De repente, as previsões desmentidas e questionadas pelo próprio BCE ao longo dos últimos anos tornaram-se novamente poderosas e influentes. Não há nada de errado com isso e a decisão de reduzir as taxas também marca uma tentativa de o BCE se tornar novamente um banco central realmente voltado para o futuro. Talvez seja melhor isso do que uma instituição incerta, preocupada com dados retrospectivos”, avalia Brzeski.
A inflação na Zona do Euro está rodando a 2,6% no acumulado de 12 meses, com o núcleo em 2,9%. Para o head do ING, no entanto, o cenário é arriscado para cortes de juros. “A inflação persistente e as pressões salariais contínuas poderão facilmente provar que as previsões do BCE estão novamente erradas em breve”.
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