Como as eleições na França podem afetar as Olimpíadas — e vice-versa?
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Nas próximas semanas, a França terá dois grandes eventos quase ao mesmo tempo: eleições legislativas, marcadas para 30 de junho e 7 de julho, e o começo das Olimpíadas de Paris, em 26 de julho.
A situação não estava prevista: o presidente Emmanuel Macron convocou eleições fora de época, e de última hora, após o seu partido ir mal nas eleições do Parlamento Europeu. Com a antecipação, Macron tenta conter um avanço da extrema-direita e recuperar força no Congresso, em um gesto considerado arriscado.
Para analistas ouvidos pela EXAME, a eleição não deve afetar os preparativos para os Jogos, pois a maior parte dos trabalhos já foi feito. No entanto, como os jogos começam após a votação, há chance de que haja mudanças nos cargos de ministros de áreas como Esporte e Educação.
A realização de Jogos Olímpicos em um país muitas vezes traz ganhos de imagem para os governantes, e Macron pode se beneficiar disso. “Os Jogos sempre podem ajudar os políticos, por trazerem obras e novas infraestruturas. É um momento para demonstrar que o presidente é um bom gestor”, diz Clayton Pegoraro, professor do Mackenzie e especializado em direito internacional.
Ao mesmo tempo, eventuais escândalos de corrupção ou ataques terroristas poderiam manchar a imagem do evento e, consequentemente, do presidente.
Olimpíadas vs eleições
A campanha acabará, no entanto, disputando a atenção dos franceses neste período que antecede o começo do evento.
“As pessoas vão estar tão tomadas pela campanha eleitoral que isso vai acabar ofuscando o brilho das Olimpíadas. Nas ruas, além de cartazes sobre os jogos, haverá cartazes com o rosto dos candidatos”, diz Thomás Zicman de Barros, doutor em ciência política e pesquisador associado da Sciences Po, universidade sediada em Paris.
Macron seguirá no cargo independente do resultado das eleições atuais e, quando a pira olímpica for acesa, já saberemos se sua jogada politica deu certo e ele poderá ter mais três anos fortalecido no cargo ou se estará amargando duas derrotas nas urnas em menos de 40 dias.