Com investimento de R$ 70 milhões, plataforma de renegociação de dívidas entra em operação
Anunciado há cerca de 18 meses, o marketplace Consumidor Positivo está entrando em operação. A empresa é resultado de um joint-venture entre a Boa Vista, dona da SCPC e do Acordo Certo, e o grupo americano de tecnologia Red Ventures.
A plataforma nasce a partir de um investimento inicial de R$ 70 milhões e vai disputar o mercado de análise de crédito, hoje dominado pelo Serasa e SPC, empresas que viraram espécie de sinônimo de categoria.
De acordo com levantamento da CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) e do SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito), mais de 66,64 milhões de brasileiros estão endividados. O número representa 40,6% da população adulta nacional.
Gratuito, o serviço pode ser acessado por aplicativo ou pelo navegador. Com oferta, a Consumidor Positivo aposta nas renegociações e na oferta de serviços financeiros para escalar como modelo de negócio. [/grifar]
O modelo é diferente em relação ao do Serasa, que opera com um modelo fremium e tem planos a partir de R$ 23,90 para os usuários terem acessos a mais funcionalidades.
Para fazer frente ao concorrente, a Consumidor Positivo quer usar o apelo de jornada educativa, mostrando aos usuários os passos para melhorar o score, renegociar dívidas ou mesmo encontrar opções de financiadores com taxas de juros mais baratas.
Como funciona a plataforma
“Acho que essa indústria como um todo tem tido sempre um apelo meio moral, de vergonha, nome está sujo, de ser uma coisa que a pessoa esconde da família e tudo mais”, afirma Fernando Iódice, CEO da Consumidor Positivo.”Nós estamos tentando endereçar essa dor da população brasileira de uma forma mais colaborativa, ajudando essa pessoa eventualmente a achar a melhor oportunidade de lidar com a dívida e ter acesso a melhor crédito”.
O executivo atuava como vice-presidente da Red Ventures, empresa a quem coube fazer o aporte de R$ 70 milhões. Além disso, trouxe para o acordo a iq, plataforma de recomendação de produtos financeiros personalizados, como cartões de crédito e empréstimos. Na negociação, a Boa Vista entrou com a divisão de negócios Consumidor Positivo e a Acordo Certo, fintech comprada em dezembro de 2020.
Para integrar as operações e desenvolver a tecnologia, os parceiros investiram pouco menos da metade dos R$ 70 milhões. “Nós colocamos muito esforço em tecnologia para construir, de fato, o produto e todo o alicerce do que vamos desenvolver daqui para a frente”, diz.
Na plataforma, os parceiros reúnem cerca de 40 variáveis que impactam o score dos usuários, como dívidas negativadas, atraso no pagamento de contas, relacionamento com instituições financeiras e cadastro positivo. A partir daí, trazem dicas de como as pessoas podem ter o índice melhorado.
“Nós construímos um score de crédito, com um modelo muito mais analítico, e exibimos para o cliente algo muito mais próximo do que os bancos estão vendo sobre ele. E nós conseguimos quebrar iniciativas que ele pode fazer”, diz. Em paralelo, o serviço está conectado a credores e provedores de crédito com quem esses clientes podem renegociar dívidas ou tomar crédito.
Qual a expectativa com o negócio
No momento, a Consumidor Positivo reúne uma base de 40 milhões de CPFs, oriundos da Equifax/Boa Vista, que ocupa a segunda colocação como maior bureau de crédito do Brasil. A ambição é conquistar mais 10 milhões nos próximos meses, chegando a cerca de um quarto da população nacional.
O restante do valor à disposição do negócio deve ser investido ao longo dos próximos 24 meses para acelerar o crescimento da ferramenta no mercado.
“Essa plataforma é muito estratégica para ambos os sócios. R$ 70 milhões são um combinado para ligar o ponto A ao ponto B, mas dando certo, a ideia é que seja um negócio bastante longevo”, afirma Iódice. Com oferta gratuita do serviço, a Consumidor Positivo aposta nas renegociações e na oferta de serviços financeiros para escalar como modelo de negócio.