Com “dossiê da produção”, Ucrop.It tenta ligar os pontos da sustentabilidade no agro

Com “dossiê da produção”, Ucrop.It tenta ligar os pontos da sustentabilidade no agro
Com “dossiê da produção”, Ucrop.It tenta ligar os pontos da sustentabilidade no agro

A equação da sustentabilidade no agro ainda esbarra no elemento financeiro. Enquanto grandes empresas do agronegócio têm multiplicado esforços para provar ao mercado internacional que estão comprometidas com a busca de uma agricultura de menor impacto ambiental, o produtor, na ponta inicial da cadeia, demanda um incentivo a adotar novas práticas.

É justamente na interface que conecta produtores rurais a tradings e empresas compradoras de grãos dispostas a pagar um prêmio por produtos sustentáveis que uma startup argentina quer se posicionar, de olho sobretudo no Brasil

Nas palavras de Marcos Botta, co-fundador e CIO da Ucrop.It, a agtech criou uma solução que permite que os produtores expressem a sustentabilidade feita nas lavouras e consigam oportunidades em mercados diferenciados.

“Trabalhamos com as principais comercializadoras de insumos, de alimentos e de biodiesel em mais de 12 países”, afirmou o executivo, que conversou com o AgFeed durante o World Agritech South America Summit. Dentre os clientes estão Basf, Cargill e GDM.

Na prática, a startup conecta produtores rurais com empresas da ponta compradora, como tradings. Os produtores inserem informações sobre sua lavoura e manejo e podem participar de programas de prêmios e benefícios por produtos mais sustentáveis.

“Os produtores precisam, além de adotar práticas sustentáveis, prová-las. Para isso, necessitam de uma interface com usuários, governança, evidências e KPIs de pegada de carbono. Nós trabalhamos para ser essa interface”, acrescenta.

A plataforma é gratuita para produtores e os ajuda a mapear e melhorar suas práticas sustentáveis. Ao mesmo tempo, conecta esse fazendeiro com players dispostos a pagar um prêmio por produtos mais sustentáveis.

Com tudo rastreado via blockchain e criptografia, ele pode escolher com qual player partilhar suas informações.

A empresa argentina desenvolveu uma plataforma de aplicativos web que fazem esse registro e mapeamento em tempo real de toda etapa produtiva e agronômica, da semeadura até a colheita.

Esse “dossiê da colheita” vira um ativo que ajuda o produtor a, além de vender um produto rastreado e por vezes mais sustentável, acessar o mercado de crédito e estar em dia com regulamentações ambientais.

Atualmente, a empresa possui 3,5 milhões de hectares de produtores mapeados, num serviço chamado Crop Story (histórico de cultivo, em inglês). As informações contidas na plataforma integram imagens de satélite, dados de máquinas agrícolas, softwares e outros documentos. Na outra ponta, atualmente são mais de 130 clientes globais.

“Os produtores são os protagonistas da mudança na agricultura, e eles vão fazer com que essas discussões de sustentabilidade avancem”, afirma.

A empresa está no meio de uma rodada de captação para expandir seu mercado, e colocar os dois pés no Brasil. Botta contou que seus sócios estão nesse momento conversando com fundos de Venture Capital nos Estados Unidos e no Canadá.

A expectativa do co-fundador é que até outubro os líderes da rodada já estejam definidos, e que o aporte aconteça de fato logo depois.

“Nossa estratégia agora está focada no Brasil. Queremos nos estabelecer no País e crescer com a solução, que é escalável e já está em 12 países”.

Em 2022, a empresa levantou US$ 3,1 milhões em uma rodada pré-seed. Na época, a Yugen Partners e a The Yield Lab Latam lideraram os aportes, na intenção de ajudar a empresa a expandir sua área de atuação na Argentina, Uruguai e Paraguai.

Além do Crop Story, a empresa também utiliza informações que não dependem do input direto do produtor para mapear outras áreas. “Temos um algoritmo que analisa campos e, nessa vertente, são 10 milhões de hectares já analisados pela plataforma”.

Esse serviço permitiu, segundo Botta, a ajudar a Cofco Argentina a embarcar 18 mil toneladas de farelo de soja certificada como livre de desmatamento em maio deste ano.

O envio foi o primeiro do tipo da empresa 100% rastreado, segregado e em linha com o Regulamento da União Europeia sobre produtos livres de desmatamento (EUDR). O carregamento foi entregue à R&H Hall, principal fabricante de rações da Irlanda.

“Nos posicionamos como um dos fornecedores deste serviço de imagem e detecção de desmatamento, para que todos os comerciantes na Argentina possam cumprir massivamente os contratos EUDR adequados”, afirmou Botta.