Censo do confinamento mostra crescimento do setor, apesar de ano difícil

Censo do confinamento mostra crescimento do setor, apesar de ano difícil
Censo do confinamento mostra crescimento do setor, apesar de ano difícil

O rebanho de gado de corte confinado tem mantido o ritmo de crescimento no Brasil, independentemente a conjuntura econômica e dos preços pagos pela arroba do boi gordo no País.

Essa é uma das principais conclusões da edição 2024 do Censo do Confinamento, maior levantamento feito sobre esse segmento da pecuária, realizado anualmente pela dsm-firmenich, empresa especializada na produção de nutrientes para rações animais.

Os números revelados nesta terça-feira, 4 de junho, pela companhia revelam que em 2023 passaram por esse tipo de estabelecimento 7,2 milhões de cabeças de bovinos, um aumento de 300 mil unidades sobre o ano anterior, a despeito de o valor da arroba ter atingido no ano passado os níveis mais baixos dos últimos anos.

Para este ano, a previsão dos responsáveis pelo estudo é de que o crescimento se mantenha, atingindo mais de 7,3 milhões de animais confinados, o que representaria um aumento de 2,5% sobre 2023.

“Tivemos uma reação do mercado no fim de 2023 e temos agora uma boa perspectiva para o confinador em 2024”, afirmou Walter Patrizi, gerente técnico de Confinamento para a América Latina da dsm-firmenich.

“A probabilidade de retorno hoje para o confinador é maior do que nos últimos anos”, reforçou Thiago Carvalho, pesquisador do Cepea/USP especializado no acompanhamento do mercado de bois para corte que participou de oito etapas do Tour de Confinamento, também promovido pela empresa.

Segundo ele, com os patamares atuais das cotações do boi gordo (que sofreram uma redução de 18% no ano) e dos preços de insumos (como o milho, cujo preço recuou 22% no mesmo período), como o milho, a rentabilidade média do setor fica em torno de 9%. “Os custos de produção caíram mais que a receita”, resumiu.

Um ponto importante para garantir essa escala, segundo o censo, foi a maior escala dos confinamentos, que permitiu às empresas do setor diluir seus custos fixos por animal. Carvalho citou como exemplo o fato de que, em 2018, apenas 12% dos animais abatidos no País passaram por confinamentos. Hoje, esse índice atinge 21%.

“Nos últimos cinco anos, o setor profissionalizou os processos e o confinamento cresceu a galope, com mais tecnologia e intensificação. Se confina mais, ganha mais escala”, disse.

Essa escala tem provocado outro fenômeno registrado pelo censo: uma maior concentração dos animais nos grandes confinamentos, com capacidade para mais de 10 mil cabeças, enquanto se reduziu o número de animais nos estabelecimentos menores.

Segundo o estudo, que avaliou quase 2,6 mil propriedades em todo o País, 49% do rebanho confinado está concentrado em apenas 100 grandes confinamentos.

Da mesma forma, geograficamente, os estados de Mato Grosso, Goiás e São Paulo reúne mais de 50% dos animais confinados. “Hoje, quase todo o crescimento do setor ocorre em Mato Grosso”, afirma Patrizi.