Casas Bahia (BHIA3) sobe 19,30% no Ibovespa após pedido de recuperação extrajudicial
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Mesmo sob a sombra do pedido de recuperação extrajudicial protocolado na CVM no domingo (28), as ações da Casas Bahia (BHIA3) dispararam 19,30% no Ibovespa nesta segunda-feira (29), a maior alta do índice até a tarde do pregão, às 14h15.
Para analistas, o plano de reestruturação da varejista, envolvendo o alongamento de prazo para pagar uma dívida de R$ 4,1 bilhão, comprou tempo para aliviar a pressão sobre a geração de caixa da Casas Bahia.
O pedido de recuperação extrajudicial foi pré-acordado com os principais credores da rede de lojas, Banco do Brasil (BBAS3) e Bradesco (BBDC4). Juros mais baixos adiante também podem ajudar a varejista, pela ótica do mercado.
Por que as ações da Casas Bahia (BHIA3) estão em alta?
A ação da Casas Bahia (BHIA43) começou o pregão da bolsa de valores desta segunda-feira (29) em alta. Por trás do movimento, o mercado vê uma melhora da situação financeira da varejista e alívio pelo lado da geração de caixa.
Conforme comunicou ao mercado na noite de domingo, o pedido traz impacto positivo de R$ 4,3 bilhões no caixa da Casas Bahia pelos próximos quatro anos. Neste ano, o impacto seria de R$ 1,5 bilhão.
Isso porque houve alongamento no prazo de pagamento da dívida: de 36 a 72 meses.
Às 14h15, o papel da Casas Bahia (BHIA3) subia 19,30% no Ibovespa, em primeiro lugar entre as ações em alta. Enquanto isso, o principal índice do mercado brasileiro beirava a estabilidade.
Analistas do mercado veem como surpreendente o anúncio feito pela Casas Bahia de renegociação de dívida com Bradesco e BB.
Juntos, os dois bancos detêm cerca de 54% das dívidas do grupo. A varejista, assim, informou que o acordo vale também para credores pulverizados porque foi pré-acordado com seus dois maiores credores.
“Pegou o mercado de surpresa”, diz Carlos Dalltozo, chefe de análise da Eleven Financial.
Mercado vê pedido da Casas Bahia (BHIA3) como positivo
Na visão da casa de análises, a reestruturação de dívida foi “um bom caminho, uma vez que é menos custoso do que uma recuperação judicial”.
Ela também “limita o escopo às dívidas financeiras, não impactando outros pontos que uma eventual recuperação judicial poderia afetar”, explica Dalltozo.
“Um dos destaques aqui é que a varejista ganha mais prazo de pagamento da dívida. A questão principal do mercado é exatamente o pagamento de dívidas que venciam esse ano e no próximo. Então esse reperfilamento da dívida traz um alívio para o caixa nesses próximos meses”, diz o chefe de análise da Eleven.
O mercado também destaca que houve renegociação sobre o custo de pagar a dívida bilionária. De acordo com a Casas Bahia, o custo sobre os débitos com Banco do Brasil e Bradesco caiu em 1,5 ponto percentual.
Na visão de Gabriel Boente, analista da Varos Research, a ação da varejista também sobe porque “a dívida da companhia ficou mais barata, aliviando o caixa”. Segundo estimativas da Eleven, a redução de 1,5 p.p. pode gerar uma economia de pagamento de juros de cerca de R$ 400 milhões à Casas Bahia.
Com a previsão de queda da Selic em 2024, a Casas Bahia (BHIA3) também pode se beneficiar de juros na moratória, avalia Boente.
“Com esse plano de reestruturação, ela ficou aliviada. O mercado vê isso como positivo para uma empresa que estava bem mal das pernas”, completa o analista.
Phil Soares, estrategista de ações da Órama, explica que a reestruturação chega em bom momento, porque a oferta subsequente de ações da Casas Bahia (BHIA3) em setembro “veio muito abaixo do valor esperado”.
“Vemos que o pedido como bom. A companhia captou bem menos que o esperado no ano passado”, afirma.
Acordo pode gerar diluição de minoritários
O acordo da Casas Bahia (BHIA3) com os bancos credores envolve uma conversão de dívida em ações dentro do prazo de 18 a 36 meses.
Assim, o mercado vê um risco “alto” para uma diluição de acionistas minoritários da Casas Bahia (BHIA3). O evento seria significativo para investidores da varejista, porque tanto o Bradesco quanto o BB teriam um desconto de 20% sobre ações convertidas.
“Isso pode gerar uma diluição grande para os atuais acionistas no papel”, destaca Dalltozo.
A conversão seria “bem expressiva”, de acordo com Soares, da Órama, porque os bancos podem transformar 66% do volume da dívida em ações. “Seria mais ou menos uns R$ 2,5 bilhões em ações da Casas Bahia (BHIA3) que poderiam ser convertidos”, afirma.
“Com a Casas Bahia sendo avaliada hoje em R$ 500 milhões, vejo um potencial de diluição muitíssimo alto”, conclui Soares.
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