Biodiesel acelera negócios na Scania, que quase dobra licenciamentos em um ano

Biodiesel acelera negócios na Scania, que quase dobra licenciamentos em um ano
Biodiesel acelera negócios na Scania, que quase dobra licenciamentos em um ano

Desde o final do ano passado, quando anunciou a encomenda, pelo grupo Amaggi, de 100 caminhões movidos 100% a biodiesel, os executivos da Scania têm registrado uma nove fonte de demandas.

“Nós temos outros clientes interessados, de empresas do agronegócio, em adquirir caminhões B100. Algumas delas têm fonte de biodiesel animal e outras de fonte vegetal”, comenta o diretor de desenvolvimento de negócios da Scania Brasil, Marcelo Gallao, em conversa com o AgFeed.

Gallao destaca que a Amaggi foi precursora nos pedidos da chamada linha B100, e a intenção da Scania é, não apenas expandir para outros caminhões, como também para outras empresas e outros setores.

Sem revelar nomes, André Gentil, gerente de vendas da montadora, adianta que a Scania fez duas vendas de caminhões B100 para empresas com atuação no Sul do país. “Já vendemos um lote de dez caminhões para uma empresa ligada ao agronegócio e uma outra venda de, talvez, três veículos para uma empresa de varejo”, conta o gerente de vendas da montadora.

Os números ainda parecem pequenos, mas abrem uma nova pista para o crescimento da montadora sueca, que está no Brasil há 67 anos. No primeiro semestre deste ano a empresa viu um indicador disparar: os licenciamentos de caminhões, seu carro-chefe, saltaram 87,8%, com a emissão de quase 9,5 mil Certificados de Registro e Licenciamento do Veículo (CRLV-e).

No Brasil, 56,8 mil caminhões foram licenciados no período de janeiro a junho, alta de 8% na base anual, segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Enquanto a produção nacional cresceu 36,5% na mesma base de comparação, somando 64,4 mil caminhões.

Tal número levou a Scania a abocanhar um terço das vendas de caminhões pesados no Brasil, com participação de mercado (market share) de 30,1%, diz André Gentil.

O avanço nos licenciamentos confirma a expectativa de retomada de crescimento dita pelo diretor de vendas da Scania no Brasil, André Nucci, em entrevista ao AgFeed, em abril. Segundo o executivo, as projeções da companhia são de aumento de 10% a 14% nas vendas este ano, em linha com a estimativa da Anfavea para o setor.

Outro número importante citado por Nucci é que o agronegócio já é responsável por 40% a 50% das vendas da companhia no país, e pode crescer ainda mais.

“A nossa expectativa é de alta nas vendas para empresas do agronegócio no ano que vem. Não fosse esse momento que o agro atravessou, afetado por efeitos climáticos e preços das commodities, a participação em nosso faturamento poderia ser maior. Mas a tendência é que essa fatia cresça nos próximos anos”,

A mãozinha da Amaggi

A entrega dos primeiros veículos B100 para a Amaggi ajudou a chamar a atenção para esse novo nicho de mercado. Para reduzir a emissão de gás carbônico (CO2), a companhia iniciou um projeto para utilizar apenas caminhões e máquinas agrícolas abastecidas 100% com biodiesel produzido com soja colhida em suas próprias fazendas.

Na primeira fase do projeto, a encomenda foi de 101 caminhões da Scania, nos quais 100 são da configuração 6×4 (até 9 eixos), para o transporte de soja, e um da configuração 6×2 (7 eixos), para transportar 35 mil litros de biodiesel.

Com o crescimento exponencial do agronegócio nas receitas, a Scania tem desenvolvido um modelo de caminhão que, segundo Gallao, é “o favorito para transporte de grãos”. Trata-se do modelo R560, também na configuração 6×4.

“Ele é considerado o mais econômico do mercado e com durabilidade acima da média. Ou seja, tem menor gasto de combustível e pode rodar 2 quilômetros por litro transportando 74 toneladas de grãos e com composição de 9 eixos”, explica o diretor de desenvolvimento de negócios.

O executivo reforça que a montadora produz caminhões, abastecidos por biodiesel ou diesel sob demanda e os veículos são customizáveis, de acordo com os pedidos de cada cliente. O preço médio de um caminhão é de R$ 1 milhão, ficando, no mínimo, 10% mais caro conforme a customização do produto.

Em busca de caminhos alternativos

A Scania também tem pavimentado os seus caminhos para reduzir as emissões de dióxido de carbono. Para isso, em 2015, a companhia iniciou a jornada para diminuir a emissão de C02 em 50% até 2025.

“Temos metas para reduzir na energia que adquirimos e nos nossos processos industriais. Até o momento, alcançamos redução de mais de 45%”, destaca Gallao.

O compromisso de descarbonização da frota também passa pelo desenvolvimento de veículos com consumo de combustíveis alternativos. Para isso, a Scania investiu R$ 1,4 bilhão entre 2021 e 2024 na produção de caminhões no Brasil, não apenas da geração “Euro 6”, como também movidos a gás.

Recentemente, a montadora anunciou mais uma rodada de investimentos, de R$ 2 bilhões entre 2025 e 2028, para produzir chassis de ônibus elétricos. A produção começa em março do ano que vem, na planta em São Bernardo do Campo (SP).

Gallao explica que serão ônibus urbanos, na configuração 4×2, com 12 metros de comprimento e autonomia de bateria para rodar de 250 a 300 quilômetros.

“Dentro da meta de descarbonização da Scania, encontramos desafios. Mas desde 2018, desenvolvemos também veículos movidos a biometano e, agora, partimos para o elétrico”, reforça.