Assertif cria “tax bank” para fazer imposto virar crédito. E quer plantar a ideia no agro

Assertif cria “tax bank” para fazer imposto virar crédito. E quer plantar a ideia no agro
Assertif cria “tax bank” para fazer imposto virar crédito. E quer plantar a ideia no agro

Uma conversa com José Guilherme Sabino, CEO e fundador da Assertif, é recheada de números. Dois, contudo, chamam atenção: 242 bilhões e 95.

O primeiro se refere a quantidade, em reais, retornado em créditos fiscais e tributários para empresas no Brasil no ano passado. O segundo, em porcentagem, é a quantidade de empresas que Sabino estima que pagam impostos de forma errada no País, seja por erros de cálculo ou duplicidade.

Esse cenário que envolve empresas com dinheiro a receber virou negócio para o executivo, que fundou a empresa há 23 anos. Antes, como estagiário em um escritório focado em direito tributário, percebeu que havia uma oportunidade e decidiu criar a companhia no início dos anos 2000.

“Fundei a empresa com o foco em mineração, revisão e recuperação de dados tributários. Nesses 23 anos, já passaram mais de 3 mil empresas na Assertif, entre elas algumas do setor agro, e já levantamos mais de R$ 3 bilhões em créditos para elas”, explica.

Dentre as grandes empresas brasileiras atendidas, Sabino destaca a Lorenzetti, TIM, Engie, Tenda Atacado e Caixa Seguradora.

No agro, que representa um pouco mais de 10% de toda a carteira de clientes, a companhia atende agroindústrias, exportadores de café, usinas de cana, players da indústria alimentícia e revendas de máquinas agrícolas.

Nesse universo estão nomes como a Agropalma, Gazin Agropecuária, Macromaq e Café Cacique (companhia de exportação de café solúvel que faz parte da LDC).

Na prática, uma empresa que contrata o serviço da Assertif disponibiliza toda a documentação referente a impostos federais e estaduais, como PIS, Cofins, Contribuição Social, Imposto sobre folha de pagamento e ICMS dos últimos anos.

A empresa minera e analisa os números e gera um relatório mostrando o quanto a companhia tem a receber em créditos tributários. No modelo de negócio, a Assertif ganha uma porcentagem do que a empresa tem direito.

Então a Assertif entra como operacionalizador desse crédito. “Nós não entregamos o relatório e vamos embora, mas acompanhamos esse trabalho todo subsequente”.

O primeiro Tax Bank no mercado, de olho no agro

A companhia ainda possui outros braços de atuação e possui uma ferramenta de monitoramento da saúde tributária das empresas, além de um braço de seguros, que atende o agro, e de benefícios, terceirizando operações fiscais e de folha de pagamento para empresas.

Recentemente, lançou o Assertif Pay, que consegue antecipar créditos tributários. Sabino percebeu que, ao mesmo tempo que os clientes necessitavam de fluxo de caixa, os créditos tributários que ele tinha a receber ou demoravam a chegar ou vinham a prestações.

Sabino exemplifica que uma empresa que percebeu, a partir de um relatório da Assertif, que tinha R$ 1 milhão a receber, pode ter uma capacidade de absorver esse crédito, por conta do rito tradicional da Receita Federal, de R$ 100 mil por mês.

“Uma empresa que ia atrás de um banco tradicional com nosso relatório sobre os créditos não conseguia empréstimos. o banco não tem condições de fazer essa antecipação pois não tem a visão que nós temos do cliente”, comenta o CEO.

Assim, a empresa passou a oferecer uma antecipação, à vista, desse montante, com juros de 2,5% ao mês, o equivalente a 30% ao ano. Apesar de bem acima da Selic, que está em 10,5% ao ano, Sabino ressalta que nenhum banco possui alguma linha de crédito desse tipo.

Segundo o executivo, a Assertif Pay conta com um algoritmo que faz um score dos clientes. Avaliando os últimos anos fiscais, a ferramenta consegue projetar a capacidade de pagamento nos próximos anos. Na prática, o Assertif Pay é um “Tax Bank”, segundo o CEO, sendo o primeiro do País.

Contando desde o lançamento oficial dessa vertical, há pouco mais de um mês, e as operações piloto que se iniciaram há alguns anos, a Assertif já antecipou R$ 10 milhões para empresas, tudo com dinheiro do próprio caixa.

Sabino conta que alguns bancos já procuraram a empresa para dar funding a essas operações, disponibilizando montantes de até R$ 1 bilhão.

Ele explica que como a meta da empresa é atingir até 5% do mercado de antecipação do ano passado, a Assertif vai precisar de parcerias no financiamento.

“O Assertif Pay entrou no mercado para ser uma alternativa de fluxo de caixa para as empresas, com uma linha de crédito baseada em crédito tributário”, resume. Até agora, nenhum cliente agro recebeu essa antecipação, mas a procura pelo serviço tem acontecido, segundo o CEO, que aposta muito no agro para aumentar esse mercado.