Argentina encolhe 8% e Milei faz show de rock: “sou o rei de um mundo perdido”
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As duras medidas impostas por Javier Milei para recuperar a economia Argentina chegaram a um ápice rocambolesco mas últimas 24 horas. Na noite de quarta-feira (22) o presidente argentino subiu ao palco da tradicional casa de shows Luna Park para cantar a plenos pulmões um rock do grupo Mataderos: “sou o rei de um mundo perdido”.
Na manhã desta quinta-feira (23), veio a notícia de que a economia do país encolheu 8,4% em março. Milei segue determinado a fazer o que for preciso para livrar o país dos vícios que o levaram à bancarrota. Mas a vala econômica no curto prazo acabou de ficar mais funda. A pergunta número um de analistas e investidores em Buenos Aires e região nesta manhã é até quando a música presidencial poderá seguir tocando sem mudar de ritmo.
Este foi o quinto mês consecutivo de queda e a queda mais acentuada desde 2020, de acordo com informações da Reuters. O resultado foi pior do que a queda de 6,9% estimada por analistas de mercado em uma pesquisa da agência de notícias, destacando o impacto das políticas de corte de custos do presidente Javier Milei desde que assumiu o cargo em dezembro de 2023
Milei embarcou em uma dura campanha de austeridade na tentativa de reduzir a pobreza crescente e a inflação anual próxima de 300%. Nove setores registraram declínios na comparação ano a ano, liderados pela construção, que registrou uma queda de 29,9%, e pela indústria manufatureira, que caiu 19,6%, segundo dados publicados pela agência de estatísticas INDEC da Argentina.
Os números da atividade econômica são vistos como um indicador útil dos prováveis resultados do produto interno bruto (PIB). A queda na atividade em março segue declínios ano a ano de 3,0% em fevereiro e 4,1% em janeiro. No acumulado do ano até março, a atividade econômica da Argentina caiu 5,3%.
Argentina teve o quinto mês seguido de queda na atividade econômica. (Fonte: Reuters) (Reuters/Exame)
Agricultura sobe, construção cai
O movimento de desaceleração da economia acompanha a perda de força da inflação do país. Em março, a inflação da Argentina caiu para 11%, ante alta de 13,2% em fevereiro. A tendência para baixo se manteve em abril, com o indicador recuando para 8,8%, marcando o quarto mês de retração.
Na observação detalhada dos setores afetados, a construção foi a que mais sofreu, com uma retração de 29,9%. A indústria também foi significativamente impactada, com queda de 19,6% em relação ao mesmo período do ano passado. Contrariamente, a agricultura apresentou um crescimento de 14,1%, mostrando-se como um pilar de promissor no cenário adverso.
Aprovado ou rejeitado?
O levantamento da AtlasIntel de março, o último divulgado, aponta que 47,7% dos argentinos aprovam a gestão de Milei, enquanto 47,6% a desaprovam. A situação configura um empate técnico, pois a diferença está dentro da margem de erro da pesquisa, de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.
A pesquisa ouviu 2.238 pessoas na Argentina, entre os dias 15 e 18 de março. Nesta terça, 19, Milei completou 100 dias de governo. A aprovação de Milei é maior entre os homens (54,2% o avaliam bem), entre os jovens de 16 a 24 anos (50,2% de aprovação) e os maiores de 60 anos (56,3% o aprovam).
No recorte por formação escolar, o libertário tem mais apoio entre os argentinos que têm apenas educação primária (61,1%). Na divisão por renda, seu apoio mais expressivo vem na faixa mais alta, com 56,3% de apoio entre os que ganham mais de 500 mil pesos (cerca de R$ 3 mil), a faixa de renda mais alta na pesquisa.
Já entre as regiões, o presidente tem taxas de reprovação maiores na capital Buenos Aires (55,3% de rejeição) e na Grande Buenos Aires (53,4% de respostas negativas). Essas regiões estão entre as mais populosas do país. Milei tem melhor aprovação em áreas do interior.
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