Mauro Vieira diz que retirada de embaixador de Israel não significa rompimento de relações
Em audiência pública na Comissão de Relações Exteriores na Câmara dos Deputados, o chanceler Mauro Vieira afirmou que o fato de o embaixador Frederico Meyer ter sido retirado da representação brasileira em Tel Aviv não significa o rompimento das relações do Brasil com Israel. Vieira disse que a embaixada continua aberta, sob o comando do encarregado de negócios, Fábio Farias.
“O embaixador já deixou a embaixada, mas isso não quer dizer que rompemos as relações com Israel. Retirar o embaixador é muito aquém de um rompimento”, afirmou o chanceler.
Meyer deixou o posto em Tel Aviv no início deste ano, depois ter sido convocado pelo ministro das Relações Exteriores israelense, Israel Katz, a uma cerimônia pública no memorial do Holocausto, em Jerusalém. O objetivo foi repreender o diplomata brasileiro por uma declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que comparou os ataques de Israel a palestinos que estão na Faixa de Gaza à morte de judeus durante a Segunda Guerra Mundial pelos nazistas.
Lula passou a ser classificado como persona non grata pelo governo de Israel. O Itamaraty considerou o tratamento dado a Meyer como humilhante. Recentemente, o embaixador foi nomeado representante do Brasil na Conferência Especial do Desarmamento, órgão da ONU sediado em Genebra.
Durante a audiência pública, Mauro Vieira foi cobrado por parlamentares da oposição, que reclamaram da falta de apoio do governo Lula a Israel. O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) chegou a dizer que o Brasil voltou a ser um “anão diplomático”, em uma referência a um episódio que aconteceu em 2014.
Na época, após o então chanceler Luiz Alberto Figueiredo chamar o embaixador brasileiro para consultas, por causa da escalada da violência na Faixa de Gaza, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Israel, Yigal Palmor, chamou o Brasil de “anão diplomático”.
“O Brasil volta a ser um anão diplomático novamente”, disse o parlamentar, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Vieira reafirmou a posição do Brasil pelo reconhecimento de dois Estados, o israelense e o palestino. Enfatizou que Lula condenou os ataques terroristas do Hamas e sempre defendeu a libertação dos reféns que estão nas mãos do grupo extremista. Mas disse que o uso da força militar por Israel é desproporcional.
— Até uns dez dias atrás, havia 38 mil mortos em Gaza. Se compararmos com o número de mortos no conflito da Ucrânia, o número é menor ou está perto disso.